sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Qual a alternativa?




Se todos – à esquerda e à direita – criticam acerrimamente a ousadia do governo, quando se trata de propostas alternativas o silêncio é igualmente universal. É pena.

A ideia geral com que fica quem segue o “caso TSU” de forma isenta é que, de um ponto de vista político, o Primeiro-Ministro geriu a situação de forma desastrosa: falta de união entre os vários ministros, fraca capacidade de comunicação, etc. Mas se todos – à esquerda e à direita – criticam acerrimamente a ousadia do governo, quando se trata de propostas alternativas o silêncio é igualmente universal. É pena.

A regra principal neste debate deveria ser:
1. Quem critica, que apresente uma solução alternativa.
2. A solução não pode ser tão vaga como “que se lixe a troika”.

Vamos então falar de soluções alternativas. Repudiar a dívida? Se é isso que querem dizer com “que se lixe a troika”, pois que tenham a coragem de o dizer. A repudiação da dívida resolveria o problema do défice no curto prazo, mas teria consequências muito negativas no médio prazo (vide, por exemplo, o caso da Argentina).

Sair do euro? Com a excepção de uns poucos economistas, não vejo ninguém defender esta solução. Na minha opinião, a saída do euro não resolveria nada – pelo contrário, criaria ainda mais problemas. Aliás, há aqui uma certa ironia: os poucos economistas que defendem a saída do euro lembram que, dispondo Portugal do Novo Escudo, teríamos um óptimo instrumento – a desvalorização cambial – para evitar o desequilíbrio externo; mas o efeito da desvalorização cambial é justamente diminuir os salários reais, a raiz dos protestos contra a medida do governo!

Excluindo estas alternativas mais drásticas, ficamos perante a realidade simples e crua: durante anos, gastámos mais – e aqui falo do país, no seu todo - do que produzimos; chegou a altura de pagar a conta.
Por muito desprezo e ódio que os portugueses tenham pela “engenharia financeira em curso”, a verdade é que a crise da dívida soberana e tudo o que ela implica para o sector bancário e para o financiamento das empresas é algo que tem de ser resolvido com disciplina fiscal. Que alternativas devermos escolher: despedir funcionários públicos em massa? Aumentar o IVA? Cobrar propinas?

Não é demasiado tarde para o governo reconhecer os erros de comunicação que acumulou ao longo de meses, especialmente nos últimos dias; e para os portugueses compreenderem que: em primeiro lugar, em economia, o que está em questão não é tanto decidir se uma medida é boa ou má, mas sim se é melhor ou pior que a alternativa. Depois, que quando gastamos mais do que produzimos, cedo ou tarde a factura chega e, terá de ser paga....

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