quinta-feira, 24 de março de 2011

Pedagogia no fim


"Temos que poupar. Temos que gastar menos". "Temos de flexibi­lizar o mercado laboral". "O aumento de impostos é incontorná­vel". "Precisamos de pedir mais sacrifícios aos portugueses".

Estas frases foram ontem ditas pelo ainda ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, no debate parlamentar sobre o PEC IV. Quan­do soube que ia para a rua, o Governo começou a dizer a verdade. Na 25° hora iniciou a pedagogia da crise, que Sócrates sempre recusara fazer, apesar das exortações de Mário Soares.

Por exemplo, em 2008, ano de eleições, Sócrates traçava um pa­norama cor-de-rosa da nossa situação. Baixou o IVA e subiu 2,9% a função pública. Ora nesse ano o desequilíbrio externo de Portugal atingiu 12,6% do PIB. Mas o Governo ignorava o endividamento externo. Os problemas que se faziam sentir atribuía-os à crise in­ternacional. Só que há onze anos o défice da balança corrente do país já equivalia a 10% do PIB, sem crise internacional.

O optimismo balofo marcou o discurso governamental até há pou­cas semanas: antes, sucediam-se os êxitos. Ontem, o PS entrou em campanha eleitoral."

Francisco Sarsfield Cabral, Jornalista

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