
2.Com efeito, concluiu-se agora que a “espectacular “ redução do défice das Administrações Centrais até Maio, reportada pelo anterior Governo no último dia do mandato – de 89,3% (!) com referência ao mesmo período de 2010 – era não apenas “espectacular” mas também virtual...
3.Até Junho, com base em dados bem mais realistas, constata-se uma redução do défice das Administrações Centrais de 33,8% - podendo por exemplo referir-se que só em Junho foram contabilizados encargos com a dívida pública de quase 3 vezes o montante total que tinha sido contabilizado de Janeiro a Maio...até Maio eram € 870 milhões (a famosa técnica de empurrar os juros para a frente...), até Junho são já € 3.008 milhões e mesmo assim menos de 50% do montante orçamentado para o ano (46,7%)...
4.Este ritmo de redução do défice, de 33,8%, caso fosse mantido até final do ano propiciaria um défice da ordem de 6,5% do PIB ou seja 0,6% acima do objectivo...
5.Considerando que a receita do novo imposto extraordinário a arrecadar em 2011 será de € 850 milhões, um pouco menos de 0,5% do PIB, temos pois o objectivo do défice quase à vista...mas muito “à pele”!
6.Mas há que ter em conta que a hipótese de manutenção do ritmo de redução do défice de 33,8% até final do ano é optimista, uma vez que temos estado a assistir a uma rápida desaceleração do crescimento da receita fiscal.
7.Basta dizer que até final de Abril a receita fiscal do Estado crescia 14,9%, até final de Junho a taxa de crescimento já caiu para 5,3%... em dois meses apenas uma desaceleração brutal...
8.E nada nos deverá surpreender que a receita fiscal até ao final do ano, sem considerar o efeito do novo imposto extraordinário, continue a desacelerar como consequência da contracção da actividade económica...
9.Configura-se assim um cenário em que muito provavelmente o Governo terá que lançar mão de medidas especiais de contenção da despesa primária durante o 2º semestre, para evitar uma derrapagem no cumprimento do objectivo de 5,9% do PIB, que seria, manifestamente, a “morte do artista”...
10.Temos assim um cenário de alto RISCO, em que toda a atenção será pouca...percebendo-se também melhor o voto contra o novo imposto extraordinário por parte do PS, uma vez que a consideração do RISCO é qualquer coisa que tem estado sempre ausente nos cenários ROSA...
Sem comentários:
Enviar um comentário