quinta-feira, 21 de julho de 2011

Aumentos dos preços dos transportes: imprescindíveis, mas é preciso também um PAI...

1.O novo Governo lá vai tomando as medidas previstas no acordo com FMI e U. Europeia, chegando agora a vez dos preços dos transportes públicos, depois do anúncio do imposto extraordinário sobre rendimentos englobados no IRS.


2.Este aumento do preço dos transportes públicos impressiona pela sua expressão relativa – entre 15 a 20% - mas é preciso reconhecer que chega com um enorme atraso, depois do anterior governo ter deixado irresponsavelmente o sector dos transportes públicos a um estado de penúria financeira dificilmente imaginável...


3.Este aumento, apesar de muito duro é também e muito provavelmente insuficientíssimo para resolver o problema do brutal desequilíbrio de exploração e o estrangulamento financeiro a que chegaram as empresas públicas deste sector.


4.Segundo números recentemente divulgados, os prejuízos das empresas públicas do sector dos transportes em 2010 terão ultrapassado os € 1.000 milhões, um valor “record” mas provavelmente subavaliado, denunciando uma situação caótica que tem exigido já, em diversos casos – Refer e Metro do Porto pelo menos – a intervenção directa do Tesouro para solver os compromissos financeiros das empresas, uma vez que o crédito bancário lhes foi cortado...


5.Essa intervenção directa do Tesouro representa um retrocesso de cerca de 25 anos, pois foi em 1986, que as operações de financiamento directo do Tesouro às empresas públicas foram suspensas, passando essas empresas a financiar-se no mercado como as demais.


6.Por isso digo que este aumento, apesar de muito elevado, será ainda insuficiente para ultrapassar os enormes desequilíbrios de exploração e corrigir os níveis brutais de endividamento que as empresas públicas deste sector foram acumulando ao longo de anos a fio...a ver vamos!


7.Há todavia um outro aspecto que não pode ser escamoteado e ao qual o Governo terá de prestar a máxima atenção: estas empresas e em especial os seus dirigentes e quadros superiores não podem continuar a fazer de conta que nada se passa, gastando rios de dinheiro em despesas supérfluas, nomeadamente automóveis e cartões de crédito para uso pessoal, bem como distribuindo benefícios injustificados a empregados (como seja a utilização gratuita do serviço pelos mesmos e seus familiares próximos e remotos)...


8.Trata-se de uma questão de elementar moralidade, que requer um plano também duro e inflexível de aplicação de medidas de poupança, a começar por cortes drásticos nas mordomias que têm sido distribuídas a esmo pelos quadros dirigentes dessas empresas.


9.É indispensável pois que o Governo não perca tempo a definir um Plano de Austeridade Interno (PAI) para estas empresas que contribua, para além dos aumentos dos preços, para o objectivo de reduzir os desequilíbrios económicos e a insuportável dependência financeira das mesmas...

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