quinta-feira, 15 de julho de 2010

Imunidades


Há dias, assistia na TV ao rocambolesco da entrevista de uma jovem mulher de etnia cigana que explicava o que causou o tiroteio ocorrido ontem entre membros de famílias ciganas. E o que se passou foi que a pobre mulher descobriu que o marido era "homem-sexual", "gay", e não viu outro modo de solução para a desonra que não a separação. Se a infelidade fosse cometida com uma mulher, não havia problema nenhum. Agora assim...

Confesso-lhes que o meu sorriso depressa se desvaneceu, quando, perguntada se o tiroteio entre as famílias iria continuar, a jovem cigana respondeu que não, porque a outra família (presumo que a do marido ofensor) "era mais forte", "tinha mais armas".
Isto dito publicamente, num telejornal, para quem quis ouvir.
O bairro está identificado, é em Lisboa. A polícia estava lá e não creio que desconhecesse o que aquela mulher revelou perante as câmaras da televisão.
É aterrador pensar o que pode acontecer quando em Portugal existem pessoas e grupos organizados, identificados ou identificáveis, que possuem verdadeiros arsenais, que anunciam detê-los e já provaram que não hesitam em usá-los para resolver questões como a que fez as delícias do editor do telejornal e os sorrisos dos espectadores.
Há algo de profundamente errado na política de segurança deste País, descansado na ideia dos brandos costumes. Oxalá não choremos um dia, amargamente, por algum trágico efeito desta imunidade tacitamente concedida, desta impunidade consentida ou desta incapacidade de o Estado ser Estado, perdido na moleza do discurso politica e socialmente corecto. Oxalá...

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