sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Boas Festas



Nesta quadra que se aproxima, faço votos de que todos os que me acompanham possam ter um Feliz Natal na presença daqueles que mais estimam.


Faço ainda votos de que o ano de 2012 possa ser melhor que o ano prestes a findar, encerrando em si mesmo muitas Alegrias e Saúde!


Paulo Gomes.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Arriscar



O natural entusiasmo das crianças devia ser conta­giante.


É que elas avançam com os olhos arregalados para a realidade, sem barreiras nem esquemas de defesa. Ficam - por assim dizer - disponíveis para acolher tudo o que se passa. Confiam sem problemas e, quando não sabem, perguntam.~


Pelo contrário, a tendência dos adultos é descon­fiar e defender-se. Muitos vivem como quem leva o cotovelo diante dos olhos para evitar golpes de­sagradáveis ou inesperados da vida, retêm da rea­lidade apenas o que lhes convém e são manhosos perante certas evidências: preferem fechar-se no seu pequeno espaço e recusam surpreender-se com as sugestões que vida traz.


Assim se joga a nossa liberdade: ou (primeira hipó­tese) nos entrincheiramos em esquemas e jogamos à defesa; ou (segunda hipótese) arriscamos como as crianças, de coração simples e olhar escancarado. O mistério do Natal terá sérias dificuldades em flo­rescer na primeira hipótese!

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Excedentes...de dívidas!

Pedro Passos Coelho decidiu convocar um Conselho de Ministros extraordinário para o próximo domin­go. Parece que a intenção é explicar melhor o que aí vem. O país agradece. A confusão à volta dos ex­cedentes que há e não há nas contas do Estado não é boa para ninguém.

O Primeiro-ministro tem-se dado ao luxo de falar com uma sinceridade às vezes desarmante, mas alguém devia lembrar-lhe que uma mensagem mal passada, em política, dificilmente se corrige. Passos falou, primeiro, de um desvio colossal nas contas públicas herdadas de Sócrates. Depois, tirou meio vencimento aos portugueses. E seguiu com o corte de dois vencimentos aos funcionários públi­cos.

Arrumado o murro no estômago, o Primeiro-minis­tro veio dizer que a receita extraordinária a que recorreu para cumprir o défice - seis mil milhões das futuras pensões dos bancários - lhe deixou um excedente. Ou uma folga ou almofada, como a opo­sição gosta de dizer. Um excedente, primeiro, de dois mil milhões, e, agora, afinal, de três mil mi­lhões.

Mas se há excedente, porque é que os funcionários públicos não recuperam os seus subsídios, pelo me­nos, o de Natal? - pergunta meio mundo. E Passos Coelho não está a falar claro, como é exigível aos políticos.

Falar de excedentes é um erro de palmatória, que só dá razão aos socialistas, ansiosos por provar que, afinal, havia folga nas contas públicas. E Passos ain­da não disse o óbvio: quando se tem dívidas, não há excedentes! Há dívidas! E começar por pagá-las é o primeiro passo para endireitar a espinha e recupe­rar credibilidade.

A alternativa, a muito breve prazo, seria, para mui­tos, não pagar subsídios nem salários. Alguém explique ao Governo que risque do mapa a palavra "excedentes", pois "eles" não existem. Quando a dor aperta, falar claro é, ainda, mais vital!!!

Mais do mesmo III

Pedro Nuno Santos, deputado, vice-presidente da bancada socialista, propõe que ameacemos os nossos credores externos, que ela acha serem so­bretudo bancos alemães, com não pagar as dívidas. Em pânico, os credores logo nos dariam facilidades, aliviando a austeridade. O presidente da bancada do PS não se demarcou claramente desta proposta, que aliás está em sintonia com o tema central do parti­do: diminuir a austeridade.

É pena que as consequências de tal ameaça e, no limite, de não pa­garmos as dívidas aos credores externos, não sejam propriamente menos austeridade. Se Portugal tomasse tal posição, suspendia-se a vinda do dinheiro da troika. E ficava fechado o já muito difícil e caro acesso a empréstimos externos. Não poderíamos, então, financiar o excesso daquilo que ainda gastamos acima do que pro­duzimos - cerca de 8% do PIB.

Ah! faltava referir um pormenor de pouca importância para o Sr. Pedro Santos, secundado esta semana pelas iluminadas afirmações do ex-PM, Engº José Sócrates:
o Estado não poderia pagar boa parte dos salários e pensões. Os bancos faliam. A economia entraria em total colapso, com o PIB a cair à volta de 40%, as pessoas perderiam cerca de 50% do valor patrimonial detido!!!

Que importa? É esta "redução" de austeridade que o referido deputado quer? Pelos vistos o PS não aprendeu nada com os últimos anos da desastrada governação? Há alguém que lhes explique, p.f.?....

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Mais do mesmo II



Não pude deixar de sorrir quando, há dias, vi uma notícia de primeira página sobre o ministro que andava de vespa que se deixou seduzir pelo conforto de um carrão de luxo.


Tinha nessa mesma manhã ouvido o desmentido indignadíssimo do gabinete do ministro, amplamente difundido pela Cibéria via facebook e blogues: que não, que não foi o ministro que pediu a viatura, que a coisa já estava pedida pelo antecessor, que se limitou a recebê-la da central de compras do Estado em substituição da que lhe fora destinada, a qual, como os iogurtes, tinha já passado de prazo e ameaçava envenenar!!!


Pois tal desmentido não se substituiu à notícia bombástica da troca da vespa pelo carrão. Como era, aliás, previsível. O episódio, em si mesmo, não vale um caracol. A não ser para provar que medidas que se tomam (como a de proibir gravatas para poupar energia) ou imagens que se querem passar (chegar de vespa ao conselho de ministros) colhem a simpatia dos gestos populistas. Mas como todos os populismos e demagogias viram-se mais cedo que tarde contra quem as utiliza!


Recorda-se o desmentido e a indignação dos apaniguados e não há como não perguntar: mas quem semeia estes ventos pode indignar-se pela tempestade que aí vem!?....

Mais do mesmo

António José Seguro defendeu ontem que o corte no subsídio de Natal deste ano era evitável se se recorresse à transferência dos fundos de pensões da Banca.

Seria realmente bom que tal fosse evitável, mas nunca com esta proposta de solução. Seguro mostra não estar à altura de quem aspira ser Primeiro Ministro. Numa situação tão adversa, pretender manter a linha da cosmética contabilista histórica em Portugal, como solução para um problema orçamental estrutural.

É de uma gritante irresponsabilidade e incompetência. Estas operações, deviam ser neutrais do ponto de vista do défice orçamental pois não só transferem em simultâneo activos, como elevadas e suicidas responsabilidades financeiras presentes e futuras.

Foi o continuado recurso a este tipo de expediente que permitiu a permanente camuflagem de décadas de despesismo público e gestão danosa, que nos lançaram na actual situação financeira e por consequência económica.

Todos - e aqui não há inocentes nos PS, PSD e CDS - os políticos que tomaram essas decisões desastrosas, é que são os verdadeiros culpados de todos estes sacrifícios, com aumento de impostos, cortes sem precedentes nas regalias sociais e nos direitos que julgávamos adquiridos.

O que posso afirmar a José António Seguro, é que, os sacrifícios são inevitáveis. Não tenho é a certeza que as actuais medidas de austeridade preconizadas nos vão levar a bom porto. No entanto, tenho três certezas:

1-Não é com as operações de cosmética do défice propostas por Seguro que vamos lá, definitivamente;

2-Os sacrifícios não deveriam recair sempre sobre os mesmos, invariavelmente;

3-Por uma vez, ao menos, deveriam ser apurados os responsáveis pela situação em que nos encontramos.



Mas não tenho muitas esperanças....estamos em Portugal e ninguém aprende com os erros passados!