terça-feira, 29 de março de 2011

Porque silenciam a ISLÂNDIA?

"Estamos neste estado lamentável por causa da corrupção interna – pública e privada com incidência no sector bancário – e pelos juros usurários que a Banca Europeia nos cobra. Sócrates foi dizer à Sra. Merkle – a chanceler do Euro – que já tínhamos tapado os buracos das fraudes e que, se fosse preciso, nos punha a pão e água para pagar os juros ao valor que ela quisesse.

Por isso, acho que era altura de falar na Islândia, na forma como este país deu a volta à bancarrota, e porque não interessa a certa gente que se fale dele. Não é impunemente que não se fala da Islândia (o primeiro país a ir à bancarrota com a crise financeira) e na forma como este pequeno país perdido no meio do mar, deu a volta à crise. Ao poder económico mundial, e especialmente o Europeu, tão proteccionista do sector bancário, não interessa dar notícias de quem lhes bateu o pé e não alinhou nas imposições usurárias que o FMI lhe impôs para a ajudar.


Em 2007 a Islândia entrou na bancarrota por causa do seu endividamento excessivo e pela falência do seu maior Banco que, como todos os outros, se afogou num oceano de crédito mal parado. Exactamente os mesmo motivos que tombaram com a Grécia, a Irlanda e Portugal. A Islândia é uma ilha isolada com cerca de 320 mil habitantes, e que durante muitos anos viveu acima das suas possibilidades graças a estas “macaquices” bancárias, e que a guindaram falaciosamente ao 13º no ranking dos países com melhor nível de vida (numa altura em que Portugal detinha o 40º lugar).


País novo, ainda não integrado na UE, independente desde 1944, foi desde então governado pelo Partido Progressista (PP), que se perpetuou no Poder até levar o país à miséria. Aflito pelas consequências da corrupção com que durante muitos anos conviveu, o PP tratou de correr ao FMI em busca de ajuda. Claro que a usura deste organismo não teve comiseração, e a tal “ajuda” ir-se-ia traduzir em empréstimos a juros elevadíssimos (começariam nos 5,5% e daí para cima), que, feitas as contas por alto, se traduziam num empenhamento das famílias islandesas por 30 anos, durante os quais teriam de pagar uma média de 350 Euros / mês ao FMI. Parte desta ajuda seria para “tapar” o buraco do principal Banco islandês.


Perante tal situação, o país mexeu-se, apareceram movimentos cívicos despojados dos velhos políticos corruptos, com uma ideia base muito simples: os custos das falências bancárias não poderiam ser pagos pelos cidadãos, mas sim pelos accionistas dos Bancos e seus credores. E todos aqueles que assumiram investimentos financeiros de risco, deviam agora aguentar com os seus próprios prejuízos. O descontentamento foi tal que o Governo foi obrigado a efectuar um referendo, tendo os islandeses, com uma maioria de 93%, recusado a assumir os custos da má gestão bancária e a pactuar com as imposições avaras do FMI. Num instante, os movimentos cívicos forçaram a queda do Governo e a realização de novas eleições.


Foi assim que em 25 de Abril (esta data tem mística) de 2009, a Islândia foi a eleições e recusou votar em partidos que albergassem a velha, caduca e corrupta classe política que os tinha levado àquele estado de penúria. Um partido renovado (Aliança Social Democrata) ganhou as eleições, e conjuntamente com o Movimento Verde de Esquerda, formaram uma coligação que lhes garantiu 34 dos 63 deputados da Assembleia). O partido do poder (PP) perdeu em toda a linha. Daqui saiu um Governo totalmente renovado, com um programa muito objectivo: aprovar uma nova Constituição, acabar com a economia especulativa em favor de outra produtiva e exportadora, e tratar de ingressar na UE e no Euro logo que o país estivesse em condições de o fazer, pois numa fase daquelas, ter moeda própria (coroa finlandesa) e ter o poder de a desvalorizar para implementar as exportações, era fundamental.


Foi assim que se iniciaram as reformas de fundo no país, com o inevitável aumento de impostos, amparado por uma reforma fiscal severa. Os cortes na despesa foram inevitáveis, mas houve o cuidado de não “estragar” os serviços públicos tendo-se o cuidado de separar o que o era de facto, de outro tipo de serviços que haviam sido criados ao longo dos anos apenas para serem amamentados pelo Estado. As negociações com o FMI foram duras, mas os islandeses não cederam, e conseguiram os tais empréstimos que necessitavam a um juro máximo de 3,3% a pagar nos tais 30 anos. O FMI não tugiu nem mugiu. Sabia que teria de ser assim, ou então a Islândia seguiria sozinha e, atendendo às suas características, poderia transformar-se num exemplo mundial de como sair da crise sem estender a mão à Banca internacional. Um exemplo perigoso demais.


Graças a esta política de não pactuar com os interesses descabidos do neo-liberalismo instalado na Banca, e de não pactuar com o formato do actual capitalismo (estado de selvajaria pura) a Islândia conseguiu, aliada a uma política interna onde os islandeses faziam sacrifícios, mas sabiam porque os faziam e onde ia parar o dinheiro dos seus sacrifícios, sair da recessão já no 3º Trimestre de 2010. O Governo islandês (comandado por uma senhora de 66 anos) prossegue a sua caminhada, tendo conseguido sair da bancarrota e preparando-se para dias melhores. Os cidadãos estão com o Governo porque este não lhes mentiu, cumpriu com o que o referendo dos 93% lhe tinha ordenado, e os islandeses hoje sabem que não estão a sustentar os corruptos banqueiros do seu país nem a cobrir as fraudes com que durante anos acumularam fortunas monstruosas. Sabem também que deram uma lição à máfia bancária europeia e mundial, pagando-lhes o juro justo pelo que pediram, e não alinhando em especulações. Sabem ainda que o Governo está a trabalhar para eles, cidadãos, e aquilo que é sector público necessário à manutenção de uma assistência e segurança social básica, não foi tocado. Os islandeses sabem para onde vai cada cêntimo dos seus impostos.


Não tardarão meia dúzia de anos, que a Islândia retome o seu lugar nos países mais desenvolvidos do mundo. O actual Governo Islandês, não faz jogadas nas costas dos seus cidadãos. Está a cumprir, de A a Z, com as promessas que fez. Se isto servir para esclarecer uma única pessoa que seja deste pobre país aqui plantado no fundo da Europa, que por cá anda sem eira nem beira ao sabor dos acordos milionários que os seus governantes acertam com o capital internacional, e onde os seus cidadãos passam fome para que as contas dos corruptos se encham até abarrotar, já posso dar por bem empregue o tempo que levei a escrever este artigo."


Por Francisco Gouveia, Eng.º

quinta-feira, 24 de março de 2011

Já está!

O candidato à sucessão de José Sócrates garante uma estratégia de médio prazo o mais abrangente possível. Uma estratégia verdadeiramente nacio­nal, como Pedro Passos Coelho gosta de lhe cha­mar. E a ideia é boa.

Diluir crispações, acertar receitas para a doença e concertar esforços é vital para sair do pântano. Mas é dificílimo.

Se Sócrates perder as eleições e sair, o caminho fica mais aberto. Se Sócrates perder e ficar (e não é impossível) o bloqueio continua! E também não é certo que Passos Coelho, se ganhar, consiga ter o PS ao seu lado nas questões essenciais sem que isso crie fracturas nos socialistas. Cavaco pode ajudar. Desde que não lhe seja retirada margem de manobra, como agora sucedeu! Desta vez, ou o Presidente ajuda ou os amplos consensos, vitais para fazer o mais difícil, podem nunca acontecer. Sócrates caiu, mas o pior ainda não co­meçou.

Pedagogia no fim


"Temos que poupar. Temos que gastar menos". "Temos de flexibi­lizar o mercado laboral". "O aumento de impostos é incontorná­vel". "Precisamos de pedir mais sacrifícios aos portugueses".

Estas frases foram ontem ditas pelo ainda ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, no debate parlamentar sobre o PEC IV. Quan­do soube que ia para a rua, o Governo começou a dizer a verdade. Na 25° hora iniciou a pedagogia da crise, que Sócrates sempre recusara fazer, apesar das exortações de Mário Soares.

Por exemplo, em 2008, ano de eleições, Sócrates traçava um pa­norama cor-de-rosa da nossa situação. Baixou o IVA e subiu 2,9% a função pública. Ora nesse ano o desequilíbrio externo de Portugal atingiu 12,6% do PIB. Mas o Governo ignorava o endividamento externo. Os problemas que se faziam sentir atribuía-os à crise in­ternacional. Só que há onze anos o défice da balança corrente do país já equivalia a 10% do PIB, sem crise internacional.

O optimismo balofo marcou o discurso governamental até há pou­cas semanas: antes, sucediam-se os êxitos. Ontem, o PS entrou em campanha eleitoral."

Francisco Sarsfield Cabral, Jornalista

quarta-feira, 23 de março de 2011

segunda-feira, 14 de março de 2011

Cocktail de Mentiras e Incompetência

Perante o descalabro das contas de 2009 e do maior défice “democrático” de sempre, por razões eleitorais e que o Governo negou até ao fim, aconteceu o seguinte:

21 de Março de 2010: PEC 1. Sócrates e Teixeira dos Santos anunciam não serem necessárias mais medidas restritivas e mais impostos.
16 de Junho de 2010: PEC 2. Sócrates e Teixeira dos Santos anunciam não serem necessárias mais medidas restritivas e mais impostos.
10 de Outubro de 2010: PEC 3. Sócrates e Teixeira dos Santos anunciam não serem necessárias mais medidas restritivas e mais impostos.

Dezembro de 2010: Sócrates e Teixeira dos Santos anunciam a integração na Segurança Social do Fundo de Pensões da PT. Para disfarçar um défice descontrolado

Fevereiro de 2011: Sócrates e Teixeira dos Santos anunciam que as contas públicas de Janeiro são um êxito total.

Março de 2011: Sócrates e Teixeira dos Santos anunciam que as contas públicas de Fevereiro confirmam o êxito de Janeiro.

11 de Março de 2011: PEC IV. Sócrates e Teixeira dos Santos dizem que é para prevenir eventuais dificuldades orçamentais, negando os êxitos de Janeiro e Fevereiro.

Anúncio agora à socapa, em Bruxelas, sem dizer nada ao Parlamento, aos Partidos, excepto um telefonema apressado ao PSD e ao próprio Presidente da República. Trata-se de mais um pacote de austeridade, congelando pensões, mesmo dos mais humildes, mas mantendo despesas surpéfluas e inúteis. Aumentando o IVA, mesmo dos bens de 1ª necessidade, mas mantendo TGVs e similares.

Em resumo: Não acertam uma única previsão! Não falam verdade!! Brincam connosco!!! Deixaram, há muito, de ser dignos de qualquer confiança!...

domingo, 13 de março de 2011

Nada será como antes...




Eu já estou com o pé nessa estrada
Qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes amanhã

Elis Regina, "Nada será como antes"

sábado, 12 de março de 2011

"Este é o maior fracasso da democracia portuguesa"

"Não admira que num país assim emerjam cavalgaduras, que chegam ao topo, dizendo ter formação, que nunca adquiriram, (Olá! camaradas Sócrates...Olá! Armando Vara...), que usem dinheiros públicos (fortunas escandalosas) para se promoverem pessoalmente face a um público acrítico, burro e embrutecido.

Este é um país em que a Câmara Municipal de Lisboa, em governação socialista, distribui casas de RENDA ECONÓMICA - mas não de construção económica - aos seus altos funcionários e jornalistas, em que estes últimos, em atitude de gratidão, passaram a esconder as verdadeiras notícias e passaram a "prostituir-se" na sua dignidade profissional, a troco de participar nos roubos de dinheiros públicos, destinados a gente carenciada, mas mais honesta que estes bandalhos.

Em dado momento a actividade do jornalismo constituiu-se como O VERDADEIRO PODER. Só pela sua acção se sabia a verdade sobre os podres forjados pelos políticos e pelo poder judicial. Agora continua a ser o VERDADEIRO PODER mas senta-se à mesa dos corruptos e com eles partilha os despojos, rapando os ossos ao esqueleto deste povo burro e embrutecido.

Para garantir que vai continuar burro o grande "cavallia" (que em português significa cavalgadura) desferiu o golpe de morte ao ensino público e coroou a acção com a criação das Novas Oportunidades. Gente assim mal formada vai aceitar tudo, e o país será o pátio de recreio dos mafiosos. A justiça portuguesa não é apenas cega. É surda, muda, coxa e marreca.

Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moral muito maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se preocupa com isso, apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do encobrimento, do compadrio e da corrupção.

Os portugueses, na sua infinita e pacata desordem existencial, acham tudo "normal" e encolhem os ombros.
Por uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto final, assunto arrumado. Não se fala mais nisso. Vivemos no país mais inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluir nada.

Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia, que se sabe que, nada acaba em Portugal, nada é levado às últimas consequências, nada é definitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado. Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso Casa Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas histórias, nem o que verdadeiramente se passou, nem quem são os criminosos ou quantos crimes houve.

Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaços de enigma, peças do quebra-cabeças. E habituamo-nos a prescindir de apurar a verdade porque intimamente achamos que não saber o final da história é uma coisa normal em Portugal, e que este é um país onde as coisas importantes são "abafadas", como se vivêssemos ainda em ditadura.

E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar este estado de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos blogs, dos computadores e da Internet, apesar de termos acesso em tempo real ao maior número de notícias de sempre, continuamos sem saber nada, e esperando nunca vir a saber com toda a naturalidade.

Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa Benfica, da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a Isaltino Morais, da Braga Parques ao grande empresário Bibi, das queixas tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém que acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e alegados, muitos alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e devidamente punidos? Vale e Azevedo pagou por todos?

Quem se lembra dos doentes infectados por acidente e negligência do Ministério da Saúde Leonor Beleza com o vírus da sida?

Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num parque aquático?

Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos crimes imputados ao padre Frederico?

Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre Frederico, acabou a passear no Calçadão de Copacabana?

Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi roubada do Instituto de Medicina Legal?

Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e enrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma.

No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível, alguém acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém?

As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da criança, contribuindo para a confusão desta investigação em que a Polícia espalha rumores e indícios que não têm substância.
E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu? E todas as crianças desaparecida antes delas, quem as procurou?

E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns menores, onde tanta gente "importante" estava envolvida, o que aconteceu? Alguns até arranjaram cargos em organismos da UE.
Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu.

E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela reconheceu imensa gente "importante", jogadores de futebol, milionários, políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu e porquê?

E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios escuros do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso pára? O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado por causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha.

E aquele médico do Hospital de Santa Maria, suspeito de ter assassinado doentes por negligência? Exerce medicina?

E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de colarinho branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca.

Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao esquecimento. Ninguém quer saber a verdade. Ou, pelo menos, tentar saber a verdade.

Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as redes e os "senhores importantes" que abusaram, abusam e abusarão de crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre meninas ficaram sempre na sombra.

Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças, de protecções e lavagens, de corporações e famílias, de eminências e reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da verdade.

Este é o maior fracasso da democracia portuguesa."

Clara Ferreira Alves - "Expresso"

sexta-feira, 11 de março de 2011

E agora seguem-se as reformas...

Grão a Grão, vai a galinha enchendo o papo! Diz o povo e com razão, se bem que neste caso não se tratam de meros grãos de milho e muito menos de galináceos...

De facto, esta medida já se adivinhava como necessária. Aliás, só não foi implantada aquando do corte salarial ocorrido no início do ano aos funcionários públicos, porque mais uma vez a dimensão dos nossos políticos não dá para mais!...ou será que - penso alto, pois de certeza que se trata de mera utopia - a intenção já existindo, foi adiada a bem da anestesia popular e baixar da poeira!?

Bem a questão é que mais uma vez, esta medida não vai chegar, pois paralelamente aos sacrifícios que têm vindo a ser exigidos a toda a população, se continua a assistir a um desfilar de privilégios aos detentores de cargos políticos e gestores por estes nomeados. E isto, em plena vigência das medidas de austeridade! A situação é tão gritante que até o Presidente da República se lhe referiu contundentemente no seu discurso de tomada de posse.

E o mais preocupante é que ainda estamos longe do ponto de viragem. O cumprimento dos objectivos da redução do défice em 2010 foi uma enorme mentira, só possível com a contabilização do Fundo de Pensões da PT! O problema é que os mercados e os detentores de capital não são tontos - pelo menos como o nosso PM nos toma a todos - e vai daí os juros continuam a subir, apesar do cenário idílico com que nos tentam iludir, pasme-se. A questão relevante é que precisamos de pedir dinheiro emprestado para continuar a viver e quem dita as leis de mercado são os credores, não nós e muito menos a estirpe que nos governa.

É claro para mim que não podíamos nem deveríamos ter chegado a este ponto! Eu, à semelhança de muitos outros ditos velhos do Restelo já há muitos anos que perspectivava a chegada deste dia. E continuo plenamente convicto - como gostaria de estar enganado! - que estas medidas, complementadas com a suspensão das grandes obras públicas (aqui o governo ainda não está convencido) não vão ser suficientes para resolver o problema de fundo! A verdade é que vamos continuar a empobrecer de forma dramática e acelerada nos próximos largos anos. Com outra agravante: os responsáveis políticos deste País não têm consciência do descontentamento social que cresce e alastra transversalmente a toda a sociedade!

Quer me parecer que a curto prazo se vai confirmar outro dos meus piores receios....amanhã, nas manifestações da "geração à rasca" já poderemos começar a ter uma noção dessa dimensão...aguardemos!!!